E se o meu filho se conseguisse acalmar?

Artigo Publicado na revista Online EsmeraldAzul

16 Outubro de 2016

 

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Todos nós temos momentos em que nos "salta a tampa”: em que ficamos agitados, sem paciência, em que cerramos os punhos, sentimos a cara a aquecer e dizemos (ou fazemos) coisas de que nos arrependemos.
 

Nestes momentos não temos muita disponibilidade para ouvir ninguém nem para pensar em soluções alternativas e "não” é um pensamento recorrente. Fazemos a primeira coisa que nos vem à cabeça e queremos é acabar com a situação depressa!

 

Para conseguirmos regressar ao um estado de maior clama, clareza e controlo precisamos normalmente de alguns minutos, às vezes de algumas horas. Para deixar ir a ruminação de pensamentos que se segue, precisamos às vezes de alguns minutos, outras vezes de uma horas e muitas vezes a situação pode prolongar-se por semanas, meses ou anos (saiba mais).

É uma questão de consciência, auto-conhecimento e de prática.


Para conseguirmos trazer calma e clareza ao nosso corpo e mente (saiba mais) vamos experimentando várias estratégias: respirar fundo, beber um copo de água, caminhar, escrever, ouvir música, telefonar a um amigo.

Contudo, muitas vezes só conseguimos pôr essas estratégias em prática depois de já termos falado alto, de já termos feito e dito coisas que preferíamos não ter feito nem dito.

As crianças também têm esses momentos.

Também têm momentos em que não conseguem lidar com as emoções fortes que estão a sentir.
E esperneiam, e gritam, e podem atirar objetos, chorar, bater...

O adulto pode ter um papel importante nestes momentos.

 

Pode fazer a diferença entre um momento de crescimento, aprendizagem e auto-conhecimento, ou um inferno de descontrolo, de gritos, onde muitas vezes há lugar para uso de força. A criança vai recorrer ao sistema nervoso do adulto para conseguir gerir o seu sistema.

 

Assim, a qualidade da presença do adulto vai contribuir (ou não ) para que a criança consiga regular as suas emoções.


Durante a sua vida quanto tempo dedicou a pensar sobre as suas emoções? Quanto tempo dedicou intencionalmente a conhecer as suas emoções? E a reconhecê-las no seu corpo? E a perceber como é sensação da emoção a subir? E o que acontece quando chegamos ao pico? E a identificar o que gerou toda esta experiência emocional?

A maioria das pessoas não dedica muito tempo a explorar esse grande bocado de si. Talvez porque nunca tenha tido tempo. Não faz parte do curriculum (ainda). Se calhar temos mais estratégias para esconder e reprimir as nossas emoções do que para as reconhecer e integrar. Que estratégias queremos nós passar aos nossos filhos e alunos?

 

Nos Programas de Mindfulness para crianças (saiba mais) criamos esse tempo para parar e observar  as sensações, pensamentos e emoções. Para reconhecer o que acontece no nosso corpo quando uma emoção chega.


Para descobrir que nome é que essa emoção tem e o que é que ela precisa de nós. Para aprender o que se passa no nosso cérebro quando sentimos raiva ou alegria. Para praticar o permanecer na margem do rio, sem nos arrastarmos pela corrente das nossas emoções e conseguirmos ter maior consciência sobre as nossas acções. Para cultivarmos empatia e compaixão com as outras pessoas.

 

Para melhor apoiarmos as crianças na gestão das suas emoções fortes, é importante assumirmos a responsabilidade pela gestão das nossas próprias emoções. A forma com que nós lidamos com a nossa impaciência e com as nossas "explosões” comunica mais do que qualquer conselho que possamos dar.

 

  • Quando sentir que está prestes a "explodir” tente criar espaço antes de reagir: PARE
  • RESPIRE. Repare como está o seu corpo. Se sentir necessidade explique "Estou quase a explodir. Vou acalmar o meu corpo e falamos sobre isso com mais calma daqui a 5 minutos”. Se necessário mude de espaço.
  • RECONHEÇA: observe o que está a sentir e repita interiormente (impaciência, frustração, raiva, cansaço, …). Observe os seus músculos, o seu coração, a sua respiração, o seu corpo por inteiro;
  • ACEITE E DEIXE IR: continue a respirar. Imagine que as emoções são as ondas do mar. E que neste momento mergulhou e está a sentir a onda a passar por cima de si. Consegue sentir a sua força, mas encontrou um local seguro para observar a onda e deixá-la passar. Um lugar onde não perde o seu centro e onde pode escolher em que direção quer nadar.
 

 

 

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